sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Dom Celso José Pinto da Silva



Ruy Medeiros

Faleceu, em Terezina, Piauí, Dom Celso. Morre no Estado nordestino que o acolheu com grande camaradagem, quando deixou a Diocese de Vitória da Conquista para viver sua missão no Arcebispado da Capital do Piauí. Aí, inclusive, foi eleito membro da Academia de Letras.
Dom Celso, antes de dirigir a Diocese Conquistense atuou no Rio de Janeiro onde aceitou o desafio de tomar conta da pastoral ou comissão de presos políticos, coisa muito difícil nos anos de ódio e terror da ditadura militar que infernizava a vida dos brasileiros.
Às vezes Dom Celso rememorava aqueles tempos e falava de Branca Moreira Alves, leiga Católica, que o auxiliava nos contatos com familiares de preses políticos, pessoa que deixou profundo sinal de admiração e gratidão de perseguidos e familiares de encarcerados.
Dom Celso encontrou a Diocese de Vitória da Conquista em um momento particularmente complexo. As novas diretrizes do Concílio Vaticano II começaram a ser divulgadas por Dom Climério Almeida de Andrade, que participou daquele evento, e do final dos anos sessenta até os anos setenta (do século passado), a Teologia da Libertação ocupou espaço e foram organizadas Comunidades e Eclesiais de Base, gerando choques no seio daquela Igreja que fora tão conservadora. Era difícil a mediação, especialmente quando foi deflagrada a Greve do Café, no início da década de oitenta, e nos períodos eleitorais. A alguns incomodava a Comissão Diocesana Justiça e Paz, criada por Dom Climério Almeida de Andrade para suprir a necessidade de uma voz sobre a questão politica dos Direitos Humanos. 
Celso José Pinto da Silva deixou exemplo de solidariedade, ética, compreensão e diálogo e por isso foi respeitado e admirado mesmo por não católicos. Não se pode deixar no esquecimento que cinco de seus padres diocesanos (alguns que receberam suas orientações quando ainda eram seminaristas) tornaram-se Bispos (Valdemir, Zanoni, João, Estevam e Carvalho) e que ele pugnou pela elevação do Bispado a Arquidiocese de Vitória da Conquista.
Saudade de todos. Abraço forte a seus amigos.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Mulheres em Combate


Mulheres em Combate

Ruy Medeiros

Mulheres Conquistenses estão convocando uma passeata/manifestação para o próximo dia de sábado, 29 de setembro, em Vitória da Conquista, pela manhã. O mesmo, conforme elas asseguram, ocorrerá em várias partes do Brasil e mesmo em cidades do exterior.
O foco contra o qual as mulheres protestarão no evento de sábado é Bolsonaro e suas “ideias”.
O capitão candidato cresceu nas pesquisas e isso é preocupante. Além daquilo que expressa, seu candidato a vice fala em adoção de outra Constituição sem constituinte e isso, em outras palavras, é anúncio de um Golpe de Estado. O postulante ao cargo máximo da República, que promete um ministério fardado, por mais de uma vez indicou que sua referência nas forças armadas é Carlos Brilhante Ulstra, militar que dirigiu o DOI-CODI, em São Paulo, órgão de repressão direta maior sob a ditadura militar, responsável por torturas de presos políticos, jovens de ambos os sexos, adultos, idosos, religiosos ou não religiosos. Há mesmo, com as torturas, prática de estupro contra mulheres presas.
O candidato capitão, ou capitão candidato, apresenta como seu futuro mentor no governo (se for eleito, é evidente), o economista Paulo Guedes. Na biografia desse há um fato que chama a atenção: serviu na Universidade Chilena, na era da sanguinária ditadura de Augusto Pinochet, dirigida por um general fascista, mais precisamente na Faculdade de Economia e Negócios, a convite de ninguém mais que Jorge Selume, Diretor de Orçamento da ditadura de Pinochet.
Entre Ustra e Guedes seu coração balança.
As mulheres tomam a dianteira, como ocorreu na importantíssima luta pela Anistia durante o regime militar: O primeiro comité pela anistia foi um comité feminino. Hoje são elas que estão na linha de frente nas favelas na luta contra a violência e pelo respeito aos direitos. Elas geralmente são as primeiras a denunciar os crimes contra os moradores das comunidades, sobretudo jovens e adolescentes, e com sacrifício, como ocorreu com Mariele, combativa vereadora que pagou com a vida as denúncias contra atrocidades.
O anúncio daquilo que pode ser a proposta ou a efetivação do Terror do Estado coloca as mulheres em combate.

Vitória da Conquista, 27 de setembro de 2018.

Ruy Medeiros

A Conquistense do Araguaia

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