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Anos do Falecimento de Meneca Grosso
(atualizado 18/02/2019: 15:21)
Ruy
Medeiros
Para:
Dilson
Ribeiro de Oliveira e Maria Santos Oliveira,
sua
esposa, Paulo Márcio Fernandes Cardoso,
Humberto
Flores, Ubirajara Brito e
Francisco
Paulo Ribeiro Rocha
Há
cem anos, na Fazenda Baixa do Arroz, no município de Vitória da
Conquista, faleceu Manoel Fernandes de Oliveira, mais conhecido como
Maneca Grosso (08 de maio de 1869 – 11 de fevereiro de 1919).
Manoel
Fernandes de Oliveira, filho de Manoel Fernandes de Oliveira e de
Umbelina Maria de Oliveira, nasceu em 08 de maio de 1869, na Imperial
Vila da Vitória, nome que então tinha o Município de Vitória da
Conquista. Após o falecimento de seu pai, ocorrido em 18 de
fevereiro de 1876, sua mãe contraiu núpcias com Ernesto Dantas
Barbosa, pessoa com quem o enteado teve excelente relação.
Maneca
Grosso mantinha uma escola em sua fazenda (Baixa do Arroz), onde
lecionava. Não teve educação formal, escrevia artigos para jornais
(A palavra, de Conquista, e Diário de Noticias, de Salvador, em
seção “a pedidos”), foi professor, poeta, jornalista e
político. A politica o envolvia e sua morte tem relação com essa.
Em
Vitória da Conquista formaram-se dois grupos políticos: Meletes
(oposição) e Peduros (situação). Embora dessas facções
participassem pessoas das mesmas famílias e ambas seguissem o
Governador J J Seabra, após a morte do coronel Gugé foi impossível
controlar o acirramento das divergências. Os grupos possuíam seus
veículos de comunicação: O “Conquistense” era porta-voz dos
meletes e a “Palavra” representava a orientação dos Peduros. Em
antigos e versos satíricos publicados nos jornais, Maneca Grosso
atacava fortemente os meletes, especialmente o Coronel Pompilio
Nunes, o juiz de Direito da Comarca (Antonio José de Araújo) e o
Promotor de Justiça (Virgílio de Paula Tourinho).
A
mudança na Constituição Estadual no sentido de tornar o cargo de
Intendente (então era o titulo do chefe do Executivo Municipal) de
eletivo para de nomeação pelo Governador obstaculizava, no entender
dos Meletes, sua ocupação do Governo municipal, pois aquela
alteração alimentava o continuísmo. Embora se declarassem
seabristas, os meletes gradativamente afastavam-se de Seabra por
perceberem que este não os prestigiava.
Em
5 de janeiro de 1919, Maneca Grosso saiu da cidade para a Baixa do
Arroz em companhia de Cirilo, seu amigo. Ambos foram emboscados em
Simão, localidade entre Campinhos e Baixa do Arroz. Pistoleiros a
serviço dos meletes assassinaram Cirilo e espancaram fortemente
Maneca Grosso. Este, tomado de grande dor moral e em consequência
dos ferimentos, veio a falecer em de 11 fevereiro de 1919.
A
distribuição de panfletos ofensivos entre as facções, as
discussões acaloradas, a morte de Cirilo e o espancamento de Maneca
Grosso findaram por instalar a luta armada entre Meletes e Peduros
que completou um século no último janeiro.
Meneca
Grosso deixou poesia publicada em jornais e inéditas, inclusive um
livro. Camilo de Jesus Lima pretendia escrever sua biografia. Não o
fez, mas dedicou-lhe elogioso artigo, publicado na edição de 28 de
janeiro de 1961 de “O Jornal de Conquista”. Nesse artigo Camilo
lançou a idéia de construir um obelisco em homenagem ao poeta
Manoel Fernandes de Oliveira no Cimo do Morro da Tromba. Chegou mesmo
formar-se comissão composta por várias personalidades conquistenses
para viabilizar a construção de mencionado obelisco que, um século
decorrido da morte do bravo Maneca Grosso, não foi edificado.
Os
Conquistenses prezam sua história e sobre tudo dois poemas do poeta:
Canto do Cisne e do Cimo do Morro da Trombra, os mais conhecidos e
lembrados.