quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Asco




Ruy Medeiros


Um sorveteiro, em Vitória da Conquista, expressou desejar que mulheres fossem estupradas por pessoas recentemente saídas da prisão em decorrência de decisão do STF que repôs a interpretação tradicional do enunciado constitucional que reconhece a presunção de não culpabilidade de qualquer pessoa enquanto não houver trânsito em julgado da sentença condenatória.
Tomara que...” disse ele.
Nada deve ser mais livre que pensar e expressar aquilo que se pensa. Mas igualmente não há responsabilidade maior que o fazer. O discurso do ódio veicula crime, tais como calúnia, difamação, injúria, apologia do crime, etc.
Estupro é crime, deve o sorveteiro saber disso. Esse crime não atinge apenas o corpo. Ele lesiona a mente. É homicídio sem cadáver, já se disse dele.
Rennie Yotova diz:
O Estupro é um homicídio sem cadáver.
A vítima continua viva, mal algo dentro dela
ficou irremediavelmente destruído, pois o
estupro é um atentado não apenas à feminilidade,
mas também à maternidade.
A irracionalidade a que um grupo, hoje no poder, tem conduzido a luta política tem-se espraiado por todos os setores e ele próprio a alimenta continuamente como condição de dopar a consciência de seus apoiadores e mantê-los unidos como privilegiado ponto de apoio. É como organizar um S.A. (grupo de assalto) contra a inteligência na sociedade brasileira: um grupo de assalto encarregado de raptar o espírito das pessoas e sujeitá-lo para que aceite manobras e reformas desumanizantes a serviço do capital. Tudo de forma tosca, como ex-lider do governo no parlamento disse e vem repetindo, sem fazer sua própria “mea culpa”.
Tudo ocorre como se fosse normal destruir vidas e destinos e produzir cadáveres com ou sem corpos.
Quando li o texto do sorveteiro, asco e revolta penetraram minha consciência. É texto doentio.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Diversionismo, a arma






Ruy Medeiros


O rapaz que queria trocar o hambúrguer que vendia nos “states” pelo filet mignon da Embaixada Brasileira, logo após a divulgação de parte do depoimento do porteiro do Condomínio onde reside, no Rio de Janeiro, seu pai, resolveu deixar-se entrevistar por Leda Nagle.
O rapaz passou a dizer que algo como o Ato Institucional n°5 poderia voltar a viger no Brasil.
A esperteza dele está taluda: a um só tempo anuncia o desejo fascista do grupo presidencial e desvia o foco de atenção do depoimento do porteiro.
Quem quer que se abale para observar a atuação do grupelho do poder se dá conta que ele, a cada fato grave, pratica diversionismo como arma politica: faz ou tenta desviar o foco, com afirmações sem comprovação, marcadas pela leviandade: ONGS na fala do grupo do poder passam a ser responsáveis pela catástrofe ambiental na Amazônia, navio do Greenspeace é responsável pelo derramamento de óleo no mar, hienas assediam o leão, e por ai vai.
A esperteza é sempre acompanhada de conteúdo autoritário. Não é uma simples piada e, sobretudo, essa gente ganha espaço na mídia. É sempre o tema do dia.
Pobre Brasil.

A Conquistense do Araguaia

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