quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Empréstimo no valor de até R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões)

 


 / Anderson BLOG @blogdoanderson


A maioria da Câmara Municipal aprovou, em primeira votação, por esmagadora maioria, projeto de lei que autoriza a Chefe do Executivo contrair empréstimo no valor de até R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões). Isso mesmo: quatrocentos milhões.  Em noticiário televisivo, um dos secretários municipais declarou que a finalidade (aplicação de recursos decorrentes de empréstimo) é realização de obras de infraestrutura. A mensagem fala em obras de infraestrutura, nas quais inclui edificações para serviço de saúde, educação, drenagem, etc. Não posso crer nisso. Digo porquê. Em mal arranjado momento, a Câmara Municipal autorizou à Chefe do Executivo transferir para a EMURC um conjunto de áreas verdes/praças, áreas institucionais, e essa empresa municipal está vendendo-as.

Ora, são essenciais para obras de infraestrutura espaços públicos. Como realizar construção se as áreas disponíveis estão sendo vendidas a particulares? Onde serão edificados os prédios necessários? Pelo visto, alguns “loteamentos” não serão beneficiados, a exemplo do Caminho da Universidade cuja única praça está posta à venda. Não se sabe onde tais obras serão realizadas. Serão compradas áreas para edificação?

Obras de drenagem? Que entendem os administradores por drenagem? A matéria é complexa, pois envolve não somente o escoamento de águas. Diz respeito, por exemplo, à existência de áreas não impermeabilizadas, ao tratamento de (pequenas que sejam) depressões na malha urbana, à existência de vários caminhos para as águas pluviais.

Não posso crer.

Mesmo o grande escoadouro urbano (Rio Verruga) está em processo de muramento por loteamento e conjuntos habitacionais condominiais, sem proteção de margens e mesmo avançando sobre essas. Quase nenhuma árvore no seu vale que corta a malha urbana. Quem fala em drenagem, em obra de infraestrutura, tem exatamente aprovado o processo de muramento do Rio Verruga e de impermeabilização de sua área adjacente. Como ficam as “lagoas” urbanas? Com a grande impermeabilização do solo, seu destino é extravasar. Não é exagero. Uma lagoa foi criada no Bairro Primavera em razão de direcionamento de águas de um desses conjuntos residenciais sobre o loteamento próximo. Aquilo que era mero final de manilha escoadora, virou lagoa. Há uns dois dias, duas pessoas aí morreram. O processo de acúmulo de águas vinha ocorrendo, a rua desapareceu, o pequeno empoçamento virou lagoa. Mas quem diz estar preocupado com obras de infraestrutura em drenagem não viu o surgimento de uma lagoa no bairro Primavera. “O tempo passou na janela, só Carolina não viu…” (Chico Buarque).

Reservo-me o direito de não acreditar, pois os exemplos de despreocupação com a infraestrutura urbana são gritantes. Quem se abalançar a conhecer a expansão atual da zona urbana, a lesnordeste irá ficar impressionado com o número de loteamentos aprovados (embora haja excesso de oferta de lotes em V. Conquista) sem qualquer articulação prevista entre eles, sem qualquer previsão de acesso à malha urbana contínua de Vitória da Conquista que não seja a já sobrecarregada rodovia BA 265 (estrada Conquista a Barra do Choça). Há mesmo preocupação com infraestrutura urbana?

Que será da antiga ETE (“Pinicão”) da Embasa? Com a facilidade com que se aprova projeto de construção/parcelamento do solo urbano sem analisar com vistas ao futuro, não é difícil prever, diante de fortes chuvas, o isolamento da Baixa do Facão. Sobretudo, é preciso seriedade: para empréstimo dessa magnitude (cujo pagamento estender-se-á por futuros gestores) é necessário que haja transparência. A transparência exige que seja apresentado planejamento estratégico de infraestrutura, não basta dizer que serão feitas essa e aquela obra, a sabor de interesses ou de mal analisado sonho de um ou outro administrador. Dinheiro para que plano? Plano concebido a partir de que estudos prévios? Quais obras? Qual a justificativa de sua necessidade?
É preciso que a administração municipal diga quais as áreas de intervenção urbana, qual a locação da rede de drenagem, quais os equipamentos, tudo com os respectivos valores. É importante saber se os valores das obras de infraestrutura e essas encontram-se previstas no Plano Plurianual do município, em consonância com o orçamento municipal e a lei de diretrizes orçamentárias.

Afinal, há obras ditas de infraestrutura que conduzem ao caos. Já ouviram falar de “elevados”‘, que foram o “supra-sumo” de infraestrutura urbana de circulação, no Rio de Janeiro e São Paulo, que estão sendo questionados e dos quais já há exemplo de demolição? Viram recentemente como falta de planejamento (e de concepção desse somado a desleixo) criou uma lagoa onde morreram duas pessoas recentemente? Ouviram falar como direcionamento local de águas pluviais engoliu automóvel e motorista, no Jurema? O que custa, diante da total falta de planejamento estratégico de infraestrutura, de previsão em PP e de estudos prévios, pensar seriamente sobre o pedido de autorização de vultoso empréstimo encaminhado pela Chefe do Executivo à Câmara? O amém de sempre?
Consciência!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Total desrespeito a Vitória da Conquista

 No próximo dia 10 (10.12.2025) Vitória da Conquista assistirá a um ato que retoricamente pode ser
denominado crime. Após beneplácito da Câmara municipal, o município transferiu à EMURC mais de trinta (isso mesmo!) áreas de uso comum do povo.  A EMURC-Empresa Municipal de Urbanização de Vitória da Conquista programou vender referidas áreas, que foram desafetadas de sua finalidade original. Nessa primeira tentativa de leiloar, mediante pregão eletrônico, a EMURC sofreu empecilho. O TCE -Tribunal de Contas do Estado suspendeu o leilão porque esse estava contaminado com irregularidades. Novo leilão está programado para vender áreas, em menor quantidade, que aquelas que estiveram à venda no frustrado leilão anterior.

Dentre as áreas que serão vendidas (ao todo 20) encontram-se nas áreas verdes do Loteamento Caminho da Universidade (11.214,07 m², mais de um hectare, vejam), Loteamento Chácaras Santa Tereza (22.188,31 m², mais de 2 hectares, confiram), Loteamento Parque das Espatódeas (13.377,11m², mais de um hectare, percebam), Loteamento Parque CONVEIMA (11.800m², mais de um hectare, considerem), Bairro Henriqueta Prates (30 267,0m², mais de três hectares, portanto, creia).

Somente essas áreas verdes somam quase nove hectares.

São áreas que a Câmara Municipal desafetou de seu fim e autorizou a Prefeita Municipal doar à EMURC. Feita a doação, a EMURC está vendendo as áreas, inclusive, as mencionadas áreas verdes. Áreas antes qualificadas como bens de uso comum do povo, passam a bens privados.
Isso significa que fomos expropriados de bens de nosso uso. Serão entregues à iniciativa privada.

Mas, além dessa privatização, do que é e deve ser público, essa venda de áreas verdes (áreas reservadas para arborização, parque arborizado, pequenos bosques, etc, quando da aprovação dos respectivos loteamentos), revela grande Irresponsabilidade.

Essas áreas são fundamentais para o desenvolvimento da cidade. Recentemente, assistimos automóvel e seu motorista tragados por enxurrada. Isso decorreu não apenas da natureza, mas do direcionamento de águas por única via, intensa impermeabilização do solo sem áreas (praças) com infiltração, barramento atécnico de águas, descaso com limpeza, aprovação indevida de empreendimento em quase bacia, etc. As áreas são fundamentais para garantir bem estar dos habitantes da cidade, harmônico desenvolvimento das funções urbanas, proteção patrimonial.

Áreas destinadas ao verde, devem realmente ser verdes. Vendê-las não é “exemplo para a Bahia”. É quase crime.


Empréstimo no valor de até R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões)

  11 de dezembro de 2025, 7:42  / Anderson BLOG  @blogdoanderson A maioria da Câmara Municipal aprovou, em primeira votação, por esmagadora ...