terça-feira, 18 de setembro de 2012


Luciano Popó 
Ruy Medeiros 


Luciano Popó: Popó de poeta, que era. Em verdade, Luciano Dias Brito, filho de Alziro Prates Brito e Violeta Dias Brito. 
Luciano se foi aniquilado em sua angustia , em 14.09.2012. Que a terra lhe seja leve. 
Foi jovem que prometia brilhar. No Colégio Central da Bahia (Salvador) concluiu o ensino médio. Prestou vestibular e estudou, até o quarto semestre, Ciências Sociais na Universidade Federal da Bahia. Fez cursos livres (extensão) de xilogravura no Museu de Arte Moderna da Bahia, e desenho, na Escola de Belas Artes da UFBA. 
Um tempo, andou ausente. Depois retornou a Vitória da Conquista e foi para Belo Campo, cidade que ele imaginava que seria poupada pela grande hecatombe que destruiria os seres vivos da Terra.  
Fazia boa poesia. Não sei onde, nem com quem se encontram seus versos. Talvez com Sandra? 
Conservei, e conservarei, conforme seu pedido, um álbum encadernado em espiral, que ela me ofertou, contendo seus cartuns, charges, ilustrações, quadrinhos e três textos, publicados no Diário do Sudoeste, entre os anos de 1995 e 2000, e no Piquete (boletim do Sindicato dos Bancários). Deixou alguns quadros, em tela, adquiridos por poucos amigos. Após este texto, pode-se ver a qualidade de quadrinista de Luciano. 
Jovem, Luciano Brito participou do Ceusc – Centro dos Estudantes Universitários e Secundaristas de Conquista e ilustrou edições de seu jornal – Cálice, na década de 1970. Integrou no movimento Emergente (fins de 1979 – 1982), com Jorge Luiz Melquisedeque, Antonio Calmon,  Jean Claúdio, Joan Barreto, Zélio Costa e Paulo Cesar Melo. Desenhou imagens desconcertantes e poesia em muro da cidade. No “Solo de Caneta” há alguns versos seus (espero que não sejam os únicos sobreviventes), de 1981. 
Inquieto, Luciano Brito nos últimos anos se atormentava entre fumaça e pó de ruas sem saída. 
Aperreios para encontrar dinheiro para sobreviver eram constantes. Tentou retornar à pintura e realizou alguns quadros. Mas era o angustiado de sempre. Aquele mesmo angustiado que há trinta e um anos disse: 



“No forno  
do peito 
dos homens 
existe um fio 
que vive 
de assar as lágrimas”. 

Em seu  “movimentos da sede”: 

1 

Prender a água 
dos esgotos 
num frasco 
sobre a penteadeira 

2 

Perseguir 
a última gotadagua 
não como quem tem sede 
com o ódio 
de um afogado 
que há três dias 
dorme 
e janta algas  
no leito do lago 

Penultimo 
vou afogarme 
na prateleira  
do primeiro 
bar”. 

Tiras de Luciano Brito:, nos 500 anos do Brasil. 







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