Velhos
Projetos Urbanos
10th/jan/2009 . 10:36 pm
Ruy Medeiros
O “Aguão”, velho açude da Conquistinha, hoje não mais açude e em parte
invadido por particulares, viveu seus 59 ou 60 anos. Construído na
Administração Sá Barreto, ao que consta, foi drenado na primeira administração
José Pedral. O velho aguão, paraíso da molecada e temor das mães, desapareceu e
não foi integrado articuladamente à cidade. Parte é algo que se convencionou
chamar de horto da prefeitura.
No entanto, na administração Régis Pacheco, na década de 40, o prefeito
imaginou criar alí um jardim botânico. Haveria a drenagem sim, mas toda a área
seria ocupada por espécies vegetais classificadas.
Se o projeto tivesse sido realizado, a área do aguão seria hoje outra
coisa e a cidade certamente estaria enriquecida com importante equipamento de
lazer, de educação e de conservação do solo urbano.
Mas o jardim botânico não foi o único projeto não realizado. O Parque do
Poço Escuro seria outro.
A administração Jadiel Matos debateu-se para realizar o Parque do Poço
Escuro. Prioridades com educação, aguadas, melhoria do sistema viário urbano
foram determinantes para que faltassem recursos para a realização e implantação
do projeto.
Na administração de Raul Ferraz, foi elaborado pelo Engenheiro Eliú
Matos um grande ( e muito bonito) projeto para o “Poço Escuro”, mas ficou no
projeto. Não foi implementado.
O projeto do Parque do Poço Escuro também enriqueceria a cidade com
equipamento de lazer, educação e conservação do solo urbano.
Há de comum entre o “Aguão” e o “Poço Escuro” terem ( o último ainda o
é) sido locais amados, sobretudo por crianças, e utilizado por lavadeiras.
Projetos abandonados.
O Plano Diretor Urbano de Vitória da Conquista, gestado e aprovado na
administração Jadiel Matos, não resistiu muito tempo ( restou o “Código de
Obras”, com algumas alterações). Logo na administração seguinte, o Plano foi desobedecido
e continuaria a sê-lo. É bem verdade que necessitaria de reajustes sempre, mas
o abandono de suas diretrizes empobreceu a cidade, tornando-a mais caótica de
que é. Basta ver-se a utilização dos terrenos da área que seria
prioritariamente destinada a educação ( área do IEED e adjacências, inclusive
sítios onde foram implantados os “ Loteamentos das Amendoeiras” e “Vila
Fernando Flores”).
Pode-se imaginar o que seria, bem ajardinada, toda a imensa área do IEED
e adjacências com equipamentos culturais. Hoje, tudo, mesmo muito daquilo que
era área pública, está retalhado e estabelecimentos oficiais de ensino estão
espremidos entre meios fios e construções residenciais ou comerciais.
A não obediência ao Plano Diretor Urbano terminou por empobrecer a cidade.
Assim segue a vida nessa Imperial Vila da Vitória atualizada.
Setores da comunidade imaginaram a preservação da Serra do Piripiri (
insisto em escrever assim). A atual administração fez projeto mais ambicioso:
Não só preservação de flora e fauna, mas área de ensino, pesquisa,
florestamento com espécies regionais, etc. O projeto começou a andar, andar
muito vagarosamente.
A Serra também tem a característica de ser um lugar amado pelos
conquistenses. O Projeto do “Parque da Serra do Piripiri” não pode ser
abandonado. A cidade não pode mais conviver com reivindicações que tomam a
forma de projetos e que depois não são implementados. Isto é: A cidade não pode
continuar a empobrecer-se com a inutilização de sonhos e projetos.
Não se trata aqui de falar de árvores quando a fome campeia, o cinismo
do poder no país aprofunda-se, os crimes contra a população (representados por
políticas econômicas ou de salvação social) retomam a dimensão infamante de
outras eras, e o rei legisla seguindo a fórmula “O Estado sou eu”. Não se trata
de abandonar luta e denúncia, mas sim de afirmar que “a gente não quer só
comida”, embora precise sobretudo de comida
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