Vitória da
Conquista: Necessidade de um Diagnóstico de Meio-Ambiente
8th/jan/2009 . 10:41 pm
Por Ruy Medeiros
*artigo escrito em 1999
*artigo escrito em 1999
As questões vinculadas à falta d’água, antes do atual período chuvoso, e
à Serra do Piripiri terminam por deixar mais evidente a necessidade de um
diagnóstico do meio ambiente a fim de que a população possa exigir medidas
concretas em torno da qualidade de vida no que diz respeito a seu espaço
físico.
Quem lê os textos antigos ou quem conheceu Vitória da Conquista há muito
tempo surpreende-se com a alteração drástica do meio-ambiente, na zona próxima
ao núcleo urbano da sede, nos locais onde estão vilas e povoados e na zona
rural como um todo.
A questão da Serra do Piripiri colocou em evidência problemas sérios,
especialmente em razão do impacto sofrido pela malha urbana especialmente
quando ocorrem chuvas.
A falta d’água remeteu a população para o problema dos mananciais e da
má gestão dos recursos hídricos (afinal, há outorga de água para irrigação em
área próxima das barragens).
Porém a questão do meio ambiente não é só o problema da Serra do
Piripiri e da falta d’água. Trata-se de algo mais sério.
A grande e indiscriminada devastação de coberturas vegetais, inclusive
de área da caatinga, faz-nos às vezes duvidar de descrições antigas que
mencionam grande diversidade de espécies vegetais e de seus habitantes animais.
Os relatos de Maximiliano Wied-Neuwied e de Tranquilino Leovigildo Torres ( o
primeiro em 1817 e o segundo em 1895), parece-nos algo extraordinário, hoje.
Mesmo relativizando o espaço ( a äldeia” era “centro” de vasto território),
aqueles autores nos falam de flora e fauna riquíssimas. Mas são relatos
verídicos. A situação atual é resultante da exploração desordenada de recursos.
O certo é que foram enormes as perdas em áreas de mata atlântica,
mata-de-cipó, mata-de-larga e de caatinga. Muitas vezes, o fogo destruiu áreas
imensas.
Ao lado disso, e em maior proporção por causa disso, rios e riachos
perderam volume d’água e outros secaram.
Os rios do planalto correm perigo.
Quem conhece as nascentes do Catolé Grande ( “Choça”, “Anta Podre”,
“Estiva”) sabe que estas encontram-se em fase de assoreamento, perda d’água e
mesmo secamento. O mesmo ocorre com os cursos d’água outros que nascem nas
encostas da Serra do Piripiri ou nas da Serra do Taquaral. Em fins do século
passado, de acordo com documento existente no Arquivo Público do Estado da
Bahia, a comunidade pedia desmatamento de parte da Serra do Piripiri, tamanho
era o embrejamatamento de parte da Serra do Piripiri, tamanho era o
embrejamento de sua encosta.
A poluição das águas do Verruga e do riacho Santa Rita e as ameaças a
suas nascentes são coisas que ocorrem sob nossos olhos, sem protestos.
No entanto, cada pequeno curso d’água e cada
pequena porção de mato são importantes. O Planalto de Conquista está ficando
cada vez mais seco, carente d’água. As atuais chuvas não impedem esta
afirmativa. Após algum tempo chuvoso, a terra seca logo, a denunciar que algo
de grave está ocorrendo.
O meio ambiente, bastante agredido a partir da década de 30, mas especialmente
a partir dos anos 40, continua sendo vítima de contínua depredação em prejuízo
de todos.
É necessário que se realize um levantamento de recursos, que se promova
um diagnóstico do meio-ambiente e que uma política preservacionista seja
implementada.
Vitória da Conquista não pode esperar por situações totalmente
irreversíveis. Deve proteger seu meio, recuperar condições, promover equilíbrio
ecológico enquanto há tempo
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