segunda-feira, 13 de janeiro de 2014



Igreja de Nossa Senhora da Saúde e Glória
(Vila de São Felipe, Tremedal)



Ruy Medeiros



                O templo dedicado a Nossa Senhora da Saúde e Glória, localizado na sede da Vila de São Felipe, foi completamente restaurado, mantidas as características originais, e reintegre à comunidade no dia de sábado (10.01.2014) com procissão, missa solene oficiada pelo padre Gabriel Fantinati, prestação de contas do dinheiro arrecado para o restauro, e fala de Doutor Ubirajara Brito, filho daquela localidade do município de Tremedal, que enfatizou a importância do prédio para a preservação da memória e para a história.
                Trata-se da segunda grande obra de intervenção conservacionista de referido templo, pois em 1948 o Sr. Belizário Ferraz de Oliveira (Zazai), com seus próprios recursos, consertou aquele prédio religioso, onde se encontram sepultados seus pais.
                A comissão que coordenou os trabalhos de coleta de recursos, por diversos meios, trabalhou com afinco e muito zelo. Tendo conseguido cerca de 287.000.00, fez o que pouquíssimos conseguiriam fazer com os recursos arrecadados.   
                 Enfim, a velha igreja está de pé.
                Trata-se de templo construído em adobes a tição. Paredes muito grossas, portanto. Nave ladrilhada e recinto do altar em assoalho. Coberta com telhas cerâmicas.
                Surpreendente não é só o fato de o prédio haver sido tão bem recuperado com poucos recursos: ocorreu uma surpresa. De seu telhado constava telha com data de 22 de agosto de 1705 e o nome de Teodorico Alves Pinheiro. Trata-se de telha da época da edificação? Os antepassados costumavam, para deixar patente data de construção de templo, escrever em baixo relevo data e outra qualquer informação em telha. O velho templo (que já não existe) de Nossa Senhora da Vitória (de Vitória da Conquista) possuía telha com data de 1804,, ano de inicio de sua edificação.
                A data de 1705 surpreende.
                Em 1895, Tranquilo Leovigildo Torres diz sobre a capela do povoado de São Felipe:
“A de São Felipe, a S. L. do Município (de Condeúba ao tempo, parêntese meu), antiga e arruinada, contendo apenas alguns ornamentos novos para uso do culto divino, na distancia de 84 kil (14 lég.) da sede da matriz; tem por orago Nossa Senhora da Saúde e Glória, festejada a 15 de agosto. Por ocasião da missão dos Lazaristas padre José Dorme e Felix Allard em 23 de setembro de 1883 foi ali com toda a solenidade colocada a imagem de sua padroeira”.
“as obras e concertos da dita capela foram orçadas em 8 de dezembro de 1862 em 4:324 $ 000, em satisfação ao relatório exigido pelo governo de então, mas ficaram sem auxilio esperado” (Memória Descritiva do município de Condeúba, mantida a ortografia original).
A construção de templo religioso denota permanência ou intenção de permanência em determinado local. Em 1705 era possível que houvesse já a presença não indígena na região. Isso pode-se afirmar por que desde os últimos anos do século XVII, o caminho do Morro do Chapéu, para Minas e para a região de Minas do rio de Contas já era percorrido. O Morro do Chapéu era um marco distribuidor de caminhos pelos rios Verdes Pequeno e Gavião (Cha pé), nome indígena, significa, aproximadamente, lugar de ver o caminho). O mapa do Padre Jacob Cocleo, que deve ser de 1699 ou de pouco depois , indica ocupação na faixa limítrofe da Bahia e Minas.
É bem possível que a telha encontrada na igreja de Nossa Senhora da Saúde e Glória expresse a data de sua construção. Mas são necessárias pesquisas. A evidência é grande.
                                                       13/01/2014        

                  

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