Igreja de Nossa Senhora da
Saúde e Glória
(Vila de São Felipe,
Tremedal)
Ruy
Medeiros
O templo dedicado a Nossa Senhora da Saúde e Glória,
localizado na sede da Vila de São Felipe, foi completamente restaurado,
mantidas as características originais, e reintegre à comunidade no dia de
sábado (10.01.2014) com procissão, missa solene oficiada pelo padre Gabriel
Fantinati, prestação de contas do dinheiro arrecado para o restauro, e fala de
Doutor Ubirajara Brito, filho daquela localidade do município de Tremedal, que enfatizou
a importância do prédio para a preservação da memória e para a história.
Trata-se da segunda grande obra de intervenção
conservacionista de referido templo, pois em 1948 o Sr. Belizário Ferraz de
Oliveira (Zazai), com seus próprios recursos, consertou aquele prédio religioso,
onde se encontram sepultados seus pais.
A comissão que coordenou os trabalhos de coleta de
recursos, por diversos meios, trabalhou com afinco e muito zelo. Tendo
conseguido cerca de 287.000.00, fez o que pouquíssimos conseguiriam fazer com
os recursos arrecadados.
Enfim, a velha igreja está de pé.
Trata-se de templo construído em adobes a tição.
Paredes muito grossas, portanto. Nave ladrilhada e recinto do altar em assoalho.
Coberta com telhas cerâmicas.
Surpreendente não é só o fato de o prédio haver sido
tão bem recuperado com poucos recursos: ocorreu uma surpresa. De seu telhado
constava telha com data de 22 de agosto de 1705 e o nome de Teodorico Alves
Pinheiro. Trata-se de telha da época da edificação? Os antepassados costumavam,
para deixar patente data de construção de templo, escrever em baixo relevo data
e outra qualquer informação em telha. O velho templo (que já não existe) de
Nossa Senhora da Vitória (de Vitória da Conquista) possuía telha com data de
1804,, ano de inicio de sua edificação.
A data de 1705 surpreende.
Em 1895, Tranquilo Leovigildo Torres diz sobre a
capela do povoado de São Felipe:
“A
de São Felipe, a S. L. do Município (de Condeúba ao tempo, parêntese meu), antiga
e arruinada, contendo apenas alguns ornamentos novos para uso do culto divino,
na distancia de 84 kil (14 lég.) da sede da matriz; tem por orago Nossa Senhora
da Saúde e Glória, festejada a 15 de agosto. Por ocasião da missão dos
Lazaristas padre José Dorme e Felix Allard em 23 de setembro de 1883 foi ali
com toda a solenidade colocada a imagem de sua padroeira”.
“as
obras e concertos da dita capela foram orçadas em 8 de dezembro de 1862 em
4:324 $ 000, em satisfação ao relatório exigido pelo governo de então, mas
ficaram sem auxilio esperado” (Memória Descritiva do município de Condeúba,
mantida a ortografia original).
A
construção de templo religioso denota permanência ou intenção de permanência em
determinado local. Em 1705 era possível que houvesse já a presença não indígena
na região. Isso pode-se afirmar por que desde os últimos anos do século XVII, o
caminho do Morro do Chapéu, para Minas e para a região de Minas do rio de
Contas já era percorrido. O Morro do Chapéu era um marco distribuidor de
caminhos pelos rios Verdes Pequeno e Gavião (Cha pé), nome indígena, significa,
aproximadamente, lugar de ver o caminho). O mapa do Padre Jacob Cocleo, que
deve ser de 1699 ou de pouco depois , indica ocupação na faixa limítrofe da
Bahia e Minas.
É bem
possível que a telha encontrada na igreja de Nossa Senhora da Saúde e Glória
expresse a data de sua construção. Mas são necessárias pesquisas. A evidência é
grande.
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