terça-feira, 29 de maio de 2018

Que querem esses senhores?

foto:blitz.conquista

Ruy Medeiros
Vejo, nas ruas de Vitória da Conquista, em plena crise de abastecimento de combustíveis, “cavalinhos”, caminhões, carros de passeio e motocicletas, em longas e repetidas carreatas, a pedir intervenção militar. O combustível que falta às pessoas, ao serviço público, à manutenção da saúde, aos profissionais em geral, inclusive taxistas, sobra para aqueles que pedem intervenção militar. Onde, com que privilégio, obtêm o combustível que falta para todos? Isso é muito estranho.
Que querem esses senhores? Intervenção militar não é outra coisa senão o estabelecimento da ditadura, regime que circula entre a crueldade e a covardia. É a politica de desconfiança e perseguição contra as pessoas, as opiniões, as artes, a liberdade de expressão e de reunião, dentre outros tantos direitos que os ditadores suprimem. Esses senhores não apresentam nenhum projeto para o país, a não ser a repressão contra manifestações sociais justas e políticas públicas de proteção social. Têm ódio à liberdade de opinião, de expressão, de criação artística, de pluralismo partidário.
Os ditadores prendem adversários e sobre esses, presos e indefesos, agem covardemente torturando-os, matando-os ou fazendo-os desaparecer. Depois, ainda covardemente, escondem seus atos, negam o que fizeram e providenciam, quando está iminente o fim de seu ciclo, uma lei de anistia para protegê-los. Audazes e arrotando coragem assumem o poder, mas covardemente não assumem responsabilidade por seus atos.
Os senhores que hoje bradam por intervenção militar podem também, eles próprios, serem vítimas do regime. Não poucas vezes na história, agitadores pela ditadura foram por essa tragados, ou seus filhos, pais, irmãos ou mulheres.

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