Foto Estadão |
Esse
Cientista Politico....
Ruy
Medeiros
Causa
náusea à inteligência o mote mais repetido desde o resultado das
eleições últimas: O país está divido (nunca a sociedade
brasileira esteve tão dividida!). Segue-se daí que partido A e
políticos B.C.D. dividiram a sociedade.
A
credibilidade do mote é amparada em entrevistas e/ou depoimentos de
sociólogos é cientistas políticos. Às vezes desrespeitosamente os
apresentadores dizem: “esse sociólogo”, “esse cientista
politico”. Já não se preocupam em nominar, exceto quando se trata
de mesas redondas.
No
entanto, nenhum sociólogo (falo de sociólogo!) e nenhum cientista
politico (falo de cientista politico!) não ficaria na superfície da
coisa, ou na aparência simplesmente fática.
A
sociedade está dividida porque é dividida. Essa divisão não é
algo atual como, em tentativa ideológica, diversionista, a maioria
dos comunicadores sociais fazem os mais apressados crer. Que tal
falar em escravidão na Colônia e no Império? Uma sociedade sem
profunda divisão? Para não voltar tanto, somente os que fazem jejum
de História desconhecem que a ditadura militar instalada em 1964
aprofundou a divisão da sociedade brasileira. Lembram-se de Franco
Montoro? Já ouviram falar nele? Esse homem, que foi Senador pelo
Estado de São Paulo, denunciava que “no Brasil os ricos nunca
foram tão ricos, e os pobres nunca foram tão pobres” e apontava
as estatísticas produzidas pela própria ditadura militar, que
assemelhavam a divisão de rendas no Brasil àquela existente entre
os países mais desiguais do mundo (então, a segunda mais injusta
divisão de rendas do mundo!).
Ora,
Ora... Esse pessoal sequer suporta que a profunda divisão tenha
expressão eleitoral, isto é, nos marcos da democracia burguesa. Se
não aceitam a expressão eleitoral da divisão, que pretendem fazer
dela?
Um
imenso trabalho para reverter a expressão democrático burguesa da
divisão foi comandado pelas redes televisivas. A própria expressão,
por si mesma, de forma velada, subliminar, passou a ser combatida.
Não combatem a eleição livre (a festa da democracia como dizem),
mas a sua essência mesma de expressão dos anseios de alguns grupos
sociais pobres, ou de opiniões de grupos, que são tidas como
radicalização, algo muito nefasto. Combatem-na, mas dizem o
contrário. Até a expressão de diferenças dentro da ordem eles não
aceitam. A manipulação corre à solta e busca o colapso da
consciência. Tomam como objetivo apagar a expressão do conflito e
entendem que essa é zona de pensamento perigoso. Pobre democracia.
Porém a alegação de provocar divisão só vale se assestada contra
alguns, nunca vale contra a direita.
Nada
mais propicio a isso de que a fala de unidade nacional, de que o
amedrontamento, que a preparação às vésperas do novo turno
eleitoral do “Brasil ame-o ou deixe-o”. Busca-se o apagamento.
Não
é cedo para compreender-se que, sim, a imprensa é essencial à
democracia, mas que também ela esteve presente para estimular os
golpes fascistas e destruir a democracia. Que o diga a própria
experiência brasileira de 1937 e 1964.
Foto IG Último Segundo |
P.S
O debate eleitoral que a Globo News realizou ontem (dia 18 de outubro
de 2018) à noite (como faz todas as noites) foi simplesmente
hilário. Os debatedores, inclusive o responsável por pesquisas da
Data Folha, não souberam explicar porque, nos dados da pesquisa, o
capitão reformado é ao mesmo tempo o mais autoritário e o mais
democrático (?!). Parece que a Rede Globo, preocupada com a
proximidade daquele militar com a Rede Record, começa a afaga-lo.
Cinismo?
Foto Veja SP |
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