quinta-feira, 24 de maio de 2012


                                               VITÓRIA DA CONQUISTA


                                               NÚCLEO URBANO INICIAL





Arraial da Conquista, Distrito da Vitória, integrante de Caitité, teve início por volta de 1780 (ou pouco antes, não se sabe), com um arruado de casas no sítio que seria chamado sucessivamente de Rua Grande, Praça da República e Praça Tancredo Neves.
A localização do  “arruado” foi direcionada pelo  “Córrego da Vitória”,  ou  “Córrego do Poço Escuro” (rio Verruga). As casas acompanharam as margens do Verruga, a partir de um ponto das imediações da atual praça Virgílio Ferraz até proximidade do prédio do Baneb ( rua Maximiliano Fernandes). O poder público teve o cuidado de deixar espaços para ruas que dessem acesso ao rio, porisso existem as ruas travessas que seriam chamadas posteriormente de rua do Lisboa e rua Ramiro Santos. O rio Verruga foi o primeiro direcionador. As casas foram construídas às margens do córrego e depois houve adensamento.
Nas margens do rio surgiram a rua Grande (Praças Tancredo Neves e Barão do Rio Branco, rua da Várzea (rua 2 de Julho atual), rua das Flores (rua Góes Calmon atual), Beco da Sabina (rua Moderato Cardoso). A rua da Várzea não só  seguia o rio, mas era ponto de saída do arraial para a estrada de Minas.
É bom assinalar que a rua Grande ocupava áreas das atuais praças Tancredo Neves e Barão do Rio Branco e das ruas Zeferino Correia e Maximiliano Fernandes. Em década de 40, quando prefeito interventor, Régis Pacheco resolveu adensar mais o centro e criou um  “miolo” entre as duas praças atuais, fazendo surgir a configuração espacial de hoje.
De início o rio direcionou o arraial.
À medida do crescimento  “urbano”,  que se dá seguindo o rio e por adensamento da rua Grande, cujo lado fronteiro às margens crescia igualmente, forma-se a grande praça da República (Praça Tancredo Neves, Barão do Rio Branco, Praça dos Caixeiros Viajantes, ruas Zeferino Correia e Maximiliano Fernandes). Mas há população no entorno (nas  “Fazendas”) e o arraial articula-se com as principais fazendas e tem de articular-se com os caminhos para Minas do Rio de Contas e para Minas Gerais. As estradas passam a direcionar o crescimento do núcleo urbano. A rua 10 de Novembro ( rua dos Tocos, atual rua Sifredo Pedral) era caminho para o São Bernardo; a rua da Várzea  ( 2 de julho ) seguia o rio e era caminho para seguir a estrada de Minas Gerais), a rua dos Campinhos ( hoje Fernando Spínola, continuada pela rua Nicanor Ferreira) era caminho para a Fazenda Campinhos, a rua Dr. San Juan  (início da atual rua Siqueira Campos) era o caminho para ir à fazenda Muranga, a estrada do Cruzeiro  (hoje avenida Antonio Nascimento), além de ter função religiosa (no topo da mesma, já na Serra do periperi erguia-se Cruzeiro de Madeira, depois substituído por Cruzeiro de cimento em local um pouco abaixo do Cruzeiro velho) também era caminho trilhado alternativamente para a fazenda Choça (não se trata de Barra do Choça) e em parte a  “Batalha”.  A rua da Corrente nasce no traçado da antiga estrada de rodagem para Jequié (década de 20). De início do século é a imensa praça Sá Barreto. A rua João Pessoa era a estrada das boiadas.
O parcelamento do solo ocorre de duas maneiras, adensando o núcleo central: a) divisão de Glebas as margens do córrego e às margens dos Caminhos;  b) divisão de Glebas em espaços defrontes as casas que surgem às margens de Caminhos e do rio; c) Traçados perpendiculares aos caminhos e ao rio.
O centro vai-se adensando, inclusive com ruas de fundo (rua São Vicente, atual trecho inicial da rua Coronel Gugé), ou travessas ( rua travessa Coronel Roseira, ou rua Elpídio Flores), Beco da Tesoura (travessa Lima Guerra atual), etc.
Toda a área urbana ( quase toda ainda hoje) era terreno pertencente a Nossa Senhora da Vitória, por força de doação feita em 1815 por João Gonçalves da Costa. A  Igreja e o poder público fixaram alinhamentos iniciais onde poderiam surgir ruas e becos. Depois Glebas maiores foram dadas em enfiteuse  (aforamento) pela Igreja a determinadas pessoas que, com o correr do tempo fizeram parcelamento da Gleba em lotes urbanos.
A partir de 1940, sobretudo, ocorre impulso de expansão do centro e assim novos espaços surgem com alguns  arruamentos preconizados pela Prefeitura,  que abriu  “estradas”  em área não urbanizadas até então.
A pequena fazenda  “Recreio” foi loteada em razão do adensamento do solo. Traçado Municipal abrira área para onde já se deslocavam pessoas desde antes com suas construções de casas de morada. Surgiu a parte baixa da Rua Nova (Otávio Santos) e a Nova Rua é  rasgada para a parte alta (Avenida São Geraldo). Ao tempo o “Alto Maron” já   crescia,  o Guarani Surgia por parcelamento em vista do adensamento central, assim como o Alto de São João  (parte do Alto Maron) e depois, na década de 50, o  “Bairro de Olavo” (parte do Guarani), etc.
Equipamentos públicos e respectivos  edifícios surgem dinamizando o centro, assim como rede bancária, especialmente a partir da segunda metade da década de 40 em diante.
A partir dos anos sessenta, a parte residencial do centro vai dando lugar ao setor de comércio/serviços, mesmo áreas mais afastadas do sítio da antiga rua Grande. Na década de 80, mesmo a rua Siqueira Campos muda de vocação rapidamente e hoje é quase toda  espaço comercial (mudança tão repentina só é comparável ao que hoje acontece com trecho da Avenida Olívia Flores, hoje).
O comércio nas áreas próximas segue duas  “lógicas”: proximidade do setor de banco, de edifícios públicos e o adensamento populacional acrescido com o surgimento de edifícios residenciais no Bairro Candeias, além de maior parcelamento aí ocorrido, com casas construídas por pessoas de melhor renda.
E o restante. O restante já é hoje.
Este é um esboço simples, feito em pouco menos de uma hora.




Ruy Medeiros.

Vitória da Conquista, 10 de junho de 1998.

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