segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Carta ao Secretário de Educação


Carta ao Secretário de Educação

Ruy Medeiros

Walter Pinheiro:
Penso que posso dirigir-me a você sem as informalidades do cargo e dos pronomes de tratamento. Também considero que posso trata-lo por você.
Neste momento escreve-lhe uma pessoa que aos 14, ou 15 anos de idade participou de seu primeiro ato político como protagonista, dentre muitos outros estudantes que se insurgiram contra o golpe dos generais que objetivava impedir a posse de João Goulart. E, a partir daí, passou a batalhar. Participou do movimento estudantil contra a ditadura, preso respondeu a IPM. Depois, já formado em direito, continuou a militância, foi novamente preso, torturado, julgado pela auditoria militar, perseguido, mas continuou a lutar.
Parte mais recente dessa minha história você conhece, pois em alguns momentos, com José Gomes Novais e outros estivemos juntos na luta política.
Agora, tenho dado continuidade à batalha junto a movimentos sociais. Estive anteontem reunido, a convite, com estudantes e professores da Escola Nilton Gonçalves, situada no Bairro Ibirapuera, na cidade onde resido. Essa escola, com seus setecentos e tantos alunos, que atende bairros populosos, dois dos quais periféricos, é aquela que você pretende fechar. Os argumentos para isso são canhestros, medíocres e insignificantes. Não há argumentos válidos para suprimir a escola do mapa educacional do Estado. Isso é um crime.
O que se pode e deve esperar de Secretário de Educação é que abra, abra, abra mais e mais escolas, ao invés de encerrá-las.
No momento em que famílias se ralam para manter filhos em escolas da rede particular de ensino, você deveria ser paladino da renovação da escola pública, da retomada do prestígio dessa, da valorização do ensino, da educação e dos profissionais da escola. Você deveria trazer de volta para a escola pública milhares de crianças, adolescentes e jovens cujas famílias sacrificam-se para pagar mensalidades de seus filhos em escolas da rede privada, que vai ocupando cada vez mais espaço, desmentindo ser a educação um direito social.
Walter Pinheiro, não cometa atentado contra a educação de nosso povo. Não feche a Escola Nilton Gonçalves. Não disperse para longe de suas famílias crianças e adolescentes, não mate a rede de sociabilidade e de coleguismo que a Escola Nilton Gonçalves tem garantido. Pense em abrir escolas, excelentes escolas, ao invés de fechar aquelas que, após já fechar tantas, o Estado ainda mantém. Atos desse tipo têm o preço cobrado não apenas no presente, pois também são exigidos no futuro.
Atenciosamente,

Ruy Medeiros 

terça-feira, 7 de novembro de 2017

VITÓRIA DA CONQUISTA



Ruy Medeiros
Adapto texto que escrevi e o publico neste 177º aniversário de nossa cidade:

Primeiramente, um rancho com cerca de 60 pessoas, conforme documento de 1780. Em 1817, um arraial com 40 casas e prédio de Igreja em construção, diz o príncipe Maximiliano Wied-Neuwied. As casas estavam construídas nas margens do riacho da Vitória (rio Verruga) e o arruado do arraial acompanhava o rio e assim continuou durante sua fase seguinte de sede do Distrito da Vitória, de Caetité (1820), e centro da Freguesia de N. Sra. da Vitória (1839), no Sertão da Ressaca (Mesorregião Centro Sul da Bahia, Brasil).
Vila, Imperial Vila da Vitória, isto é município, a partir de 1840, além da fileira de casas na margem do riacho, ruas travessas (hoje ruas do Lisboa e Ramiro Santos) para garantir o acesso à água por parte daqueles que edificaram suas casas no lado oposto, iniciando o desenho da rua Grande (Praças Tancredo Neves e Barão do Rio Branco).
Durante bom tempo, o rio direcionou o crescimento da Vila: na outra margem, a praça da Piedade (Praça Nove de Novembro) e, em ambos os lados da rua da Várzea (02 de Julho), também estrada, o beco da Sabina (Rua Moderato Cardoso) e a rua das Flores. A área central da Vila, com sua capela dedicada a N. Sra. Da Vitória, passa a crescer por adensamento do centro, seguindo estradas vicinais: rua/estrada da Várzea (02 de julho), Estrada dos Campinhos (Av. Fernando Spínola), Estrada da Muranga (Rua Siqueira Campos), Estrada de São Bernardo (ruas Elpídio Flores, 10 de Novembro/Sifredo Pedral Sampaio), Estrada do Periperi/Choça (rua dos Andrades – rua do Cruzeiro/Av. Antonio Nascimento), depois a estrada das boiadas (rua João Pessoa).
Em, 1891, julho, a República não suporta o nome de Imperial Vila da Vitória. Passa a Município de Conquista (embora alguns digam da Vitória), com sede na cidade de Conquista. De 1904 são a praça Sá Barreto e o velho açude (área de margem da atual Av. Bartolomeu de Gusmão até a Estação de Monta).
Desenvolve-se a cidade como centro de importante ligação entre o litoral e o Alto Sertão, especialmente fornecedora de alimentos e outros bens à dinâmica região cacaueira. Em 1924, é aberta a Estrada de Rodagem para Jequié (cujo início é a rua da Corrente, onde de pagava o pedágio).
Na década de 40 do século XX, por sua localização e em razão dos efeitos da Guerra e do crescimento econômico anterior, a cidade expande-se. O centro é dividido e surgem as ruas Zeferino Correia e Maximiliano Fernandes. Um processo iniciado um pouco antes consolida-se: O parcelamento do solo com ruas perpendiculares às estradas, como a dos Campinhos, São Bernardo, Muranga, Batalha, Boiada, Rodovia Ilhéus Lapa, Rio Bahia... Aparecem também loteamentos. É também na década de 40 do Século passado que o Município adquire o nome atual de Vitória da Conquista. No final da década seguinte (de 1950), a população urbana supera a população rural e a cidade, em 1960, já é centro polarizador. Surgem novos bairros/loteamentos e conjuntos habitacionais e as estradas demonstram a forte influência do poder público como indutor de vetores de acréscimo urbano. Aí estão os conjuntos edificados pela Urbis à margem de rodovias, puxando a malha urbana. Enfim a cidade torna-se realmente uma capital regional (a partir dos anos 70 do Século XX).
Hoje, com economia diversificada e novos empreendimentos imobiliários, a cidade alcança antigos núcleos rurais, como Lagoa de João Gomes (Lagoa das Flores), Choça e Campinhos. É a metrópole regional que vai-se desenhando.

ó quão dessemelhante

Ruy Medeiros | ó quão dessemelhante 0  6 de novembro de 2024, 0:28  / Anderson BLOG  @blogdoanderson Lembro-me dos colegas que antes de mim ...