Ruy
Medeiros
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Meu
professor de latim, Antonio Moura, desafiava os estudantes a traduzir
as fábulas dos escritor grego, Esopo, vertidas para a língua de
Roma por Fedro, poeta latino. Moura foi biografado por Margô, filha
de seu Clarindo. Noutro dia falarei disso.
O
professor lia e os estudantes acompanhavam munidos do livrinho de
latim: Aesopus auctor quam materiam repperit, Hanc ego polivi
versibus senarius (“Eu traduzi em versos senários esta matéria
que seu autor Esopo inventou”...). O mestre explicava que Fedro
dizia haver polido, traduzindo em versos, as fábulas de Esopo.
Versos de seis sílabas poéticas, senários, tradução dificil para
os iniciantes. Resultado que alegrava.
Minha
memória aqui é atiçada ao folhear uma edição em latim do Phaedri
Fabularum (Fábulas de Fedro), exemplar que pertenceu a um certo
Falconey Mascarenhas e que Enock Medeiros, meu tio, adquiriu no sebo
de Loureiro. Ali estão os nomes dos proprietários e o carimbo oval:
“Livraria Loureiro – compram-se, vendem-se e trocam-se livros
usados – Rua Collegio, n° 14 – Tel: 4250 – Bahia”. Conheci
Edgar Loureiro quando este já estava com seu sebo no Viaduto da Sé
( parte baixa).
Pois
bem. Vou ao que aqui interessa.
Há
uma fábula de Esopo que permite uma boa “leitura eleitoral”.
Conta
o fabulista grego que o porco selvagem (javali) e o cavalo se
alimentavam no mesmo pasto. O cavalo sempre se irritava muito com o
porco porque este destruía o capim e sujava a água. Muito
aborrecido, para vingar-se do porco o cavalo pediu ajuda ao caçador.
Este disse ao cavalo que só poderia ajudá-lo se ele aceitasse uma
sela no lombo onde ele, caçador, montaria e uma rédea presa na
boca, a fim de caçar o porco. O cavalo aceitou a condição e o
caçador efetivamente colocou os arreios no animal e partiu para a
caça ao javali, conseguindo matá-lo. A seguir, o caçador conduziu
o cavalo para a cocheira e quando este lhe pediu que retirasse sela e
rédea o caçador respondeu que não faria isso.
Esopo
remata: “Assim muitas pessoas, ao quererem por um cólera
irracional se vingar dos inimigos, acabam por se submeter ao domínio
de outras” (Aqui eu sigo a tradução de André Malta).
Assim
é (e)leitor, nesse tempo de cólera irracional, que a fábula de
Esopo (O cavalo, o javali e o caçador) se atualiza e ganha um
sentindo eleitoral. Os antigos diziam que “a raiva é má
conselheira”
Não
seja o cavalo de Esopo.
Bom
dia!
P.S.
Um obscuro coronel, a título de fanaticamente puxar saco do capitão
reformado candidato a Presidente, ofendeu Deus e o mundo. O ministro
decano do STF pode resumir quem é o coronel: um desprovido de
inteligência para argumentar e de capacidade de convivência
democrática. As cadelas estão no cio.
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