quarta-feira, 30 de maio de 2012


A Greve e as Necessidades do Momento (digitado, 10/2003)


1. A Greve está deflagrada. Este é o fato. Mas é a greve necessária? Manifestações de professores, servidores e estudantes dizem que sim, porque há muitas razões para ela: A Universidade Estadual do Sudoeste vive momento terrível de deterioração das condições necessárias à implementação de suas finalidades. Falta tudo: Professores em número suficiente, funcionários em quantitativo devido, material, livros, espaço. Simples salas de professores inexistem. A UESB dá a triste impressão que vai para a sucata institucional. Com toda essa situação, a conseqüência é  a queda do nível de ensino, da pesquisa, da extensão e dos serviços. A causa da greve é a própria causa da educação, embora nem sempre assim todos compreendam.

2. Mas é um momento também difícil para os professores. Seus salários são aviltados e seu trabalho em condições difíceis torna-se cada vez mais penoso e mais frustrante. Há, cada vez mais acentuada, a falta de representatividade de sua instituição de classe – A ADUSB. Esta, saída de um momento de total colaboração com a anterior administração da UESB, sem sequer olhar criticamente os descaminhos, resolveu ficar na quietude da omissão e das pequenas assembléias burocráticas. Agora, como que saída de um sono estranho, resolve dizer-se atuante  e propõe a greve. Faz isso sem chamar a todos para o grande debate necessário à retomada do movimento docente  e da discussão sobre a Universidade. Atua verticalmente. Teme o debate e por isso agride os que divergem e que procuram caminhos para a retomada do crescimento.

3. Recentemente, num contexto eleitoreiro, o Sr. Paulo Souto anunciou a criação dos Cursos de Medicina e de Odontologia na UESB. Não ouviu previamente a própria UESB, omitiu-se quanto à presente impossibilidade de a UESB manter seus atuais cursos, não disse com que recursos e em que espaços pretende manter os novos cursos, e sua bancada na Assembléia é totalmente inimiga do ensino público superior. No entanto, em clima emocional, sem discussões mais sérias, o CONSU aprovou os cursos. Que fará quando não houver professores e recursos?

4. É necessário uma greve construída sistematicamente, que envolva toda a comunidade acadêmica e que deixe visível para todo o Estado da Bahia e para todo o País como  o Sr. Paulo Souto e seu Grupo Carlista tratam a educação na Bahia, isto é, o tratamento humilhante a professores, servidores e alunos, o desrespeito às instâncias universitárias, o não custeio de serviços e materiais básicos para desenvolvimento das atividades universitárias, o eleitoralismo no trato de questão séria, os salários miseráveis.

Vitória da Conquista, Bahia, 21 de outubro de 2003.

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