Artigo: Greve na Uesb
POR RUY MEDEIROS*
A Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia encontra-se em greve. Antecedidos pelo movimento de paralisação dos
estudantes, os professores resolveram deflagrar greve. Todos agora estão fora
das salas de aula.
A greve demorou de ocorrer. Embora
indesejada por muitos, em razão dos embaraços que a sucedem, tornou-se
inevitável. Quem está fora não percebe coisas graves que comprometem o presente
e o futuro da educação e, com isso, as próprias gerações presente e futura.
As universidades baianas vêm sofrendo
há muito tempo. Os ataques a sua autonomia são crescentes e o sufocamento de
suas atividades sempre esteve na pauta dos últimos governos. E universidade
mendiga é universidade sem autonomia. Não se deve esquecer que a lei que criou
o CONSAD – Conselho Superior de Administração das Universidades impôs tutela à
UESB, UEFS, UESC e UNEB. Houve luta pela sua revogação e gestores atuais foram
seus críticos. Uma vez no governo, no entanto: “esqueçam o que eu disse e o que
eu escrevi. Participemos da amnésia política”. É o oportunismo. É o cinismo. É
a falta total de vergonha.
Agora o governo assesta outro golpe
profundo nas universidades baianas. É a sangria. Ainda não é o decreto morte
porque há estudantes, professores e funcionários cuja luta será compreendida e
apoiada pela sociedade. O governo editou o Decreto nº 12.583/11, que não
resiste a controle de legalidade: suprime gozo de direitos, proíbe contratações
ou concurso de professores, proíbe saída de professores para pós-graduação,
garroteia financeiramente cada universidade baiana.
Apesar de proibir contratação (que é
feita por seleção) e concurso, o Estado da Bahia não se dispõe a devolver às
universidades baianas os professores que cooptou para Secretarias, Cargos
Comissionados, etc, alguns dos quais foram “bravos sindicalistas” que
certamente acham muito prudente calar e ficar.
O Decreto 12.583/11, atentatório à
autonomia universitária agrava a situação das universidades que se encontram
sem professores suficientes, carentes de servidores, sem espaços construídos
para suas necessidades, faltante de materiais. O arrocho salarial compõe o
cenário e não é mero detalhe com o panorama de desvalor sob o qual a educação é
tratada.
A greve não é um luxo. É a medida
necessária para defender a Universidade. À medida que governos têm sucateado a
Universidade Pública, a universidade privada cresce e o direito à educação
passa a ser bem mercantil, um não direito nas mãos de grupos que cada vez mais
se desnacionalizam.
*Ruy Medeiros é Professor do Curso de Direito da Universidade Estadual
do Sudoeste da Bahia e Advogado.
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