quinta-feira, 24 de maio de 2012


Entrevista com Ruy Medeiros sobre João Cairo

1. João Cairo é, sem que alguns não tenham percebido, de grande importância para Vitória da Conquista e região. Foi o primeiro a manter livraria propriamente dita, com papelaria e material didático e de escritório, em nossa cidade, servindo a toda a região. Tornou-se o ponto de contato com obras literárias relevantes, com o livro didático e com jornais e revistas. Sem ele, muitos de minha geração não teriam tido condição de serem leitores e serem informados daquilo que acontecia no País. Pessoa trabalhadora, de trato educadíssimo e com fundamental participação na vida de nossa cidade, este é João Cairo.
2. Antes do Bazar Cairo, alguns armazéns e tipografias vendiam poucas publicações (“Almanaque d’O Pensamento” era uma destas), muitas vezes por encomenda. O Bazar Cairo mudou isso. Com ele, vieram os bons livros de editoras consagradas (José Olimpio, O Cruzeiro, Cia Editora Nacional, Vecchi, Zélio Valverde, Ponget, Globo, etc, algumas das quais não mais existem) e revistas e jornais de todo o tipo, além dos livros didáticos (destaque para a Cia Editora Nacional). Foi um grande avanço e representou uma contribuição inestimável para os conquistenses e moradores de nossa região, “o bazar de seu João Cairo”.
3. Dentre lembranças antigas que tenho do Sr. João Cairo, destaco duas: Uma acalorada discussão com um jovem que lhe provocava elogiando o Vasco da Gama e isso decididamente aquele flamenguista de corpo e alma não aceitava. A outra lembrança foi do comerciante convocando os lojistas da Rua Ramiro Santos a cerrarem suas portas durante algumas horas a fim de demonstrar apoio à reivindicação dos baianos para que a sede da Petrobrás viesse para a Bahia. São dois fragmentos da memória. Mas muitos tiveram contato com João Cairo, especialmente, em época de início de aulas, era difícil, nas décadas de 1950 e 1960, entrar no Bazar Cairo, tamanha a quantidade de pessoas que disputavam espaço, apesar de a cidade já contar então com a Livraria Castro Alves, de Hemetério Pereira, que vendia livros e representava o jornal Novos Rumos. 

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