JORNAIS
CONQUISTENSES DO PASSADO- o conquistense 1
11th/fev/2009 . 12:52 am
Ruy Medeiros
Este é o terceiro artigo de uma série em que realizo o sumário de alguns
jornais do passado de Vitória da Conquista.
Após haver escrito, em edições anteriores do “Agora”, sobre os jornais
“A Conquista” e a “Semana”, dedico o presente artigo ao semanário “O
Conquistense”.
O Conquistense – Primeira Fase
“O Conquistense”, que circulou de 1º de janeiro de 1956 a 30 de novembro
de 1959, foi marcado por duas fases bem distintas: a primeira daquelas vai de
sua fundação até 20 de setembro de 1958, enquanto que a segunda estende-se de
06 de junho de 1959 a 28 de novembro de 1959.
“Jornal político e noticioso dedicado aos interesses regionais”, como se
auto-proclamava, “O Conquistense” teve, em sua fase inicial, como diretor, o
Dr. Arthur Seixas Pereira, médico, e, como redator chefe, o Sr. Pedro Lopes
Ferraz dos Santos, comerciante. Seus principais colaboradores livres foram
Flávio Correia dos Santos Silva, Edmundo Flores, Paulo Barbosa Bulos e Camilo
de Jesus Lima.
Embora em seu edital de apresentação, O Conquistense afirmasse que
“pairava acima das velhas questiúnculas sertanejas e das absurdas competições
político-partidárias”, desde o primeiro momento foi trincheira de defesa do
grupo político composto por Gerson Gusmão Sales, Edvaldo Oliveira Flores
(Prefeito Municipal de Vitória da Conquista), Orlando Spínola (Deputado
Estadual), Nelson Gusmão Cunha, Dante Menezes, Siloni Sales, Crescêncio
Lacerda, Virgílio Mendes Ferraz, Fernando Ferreira Spínola, Orlando Silveira
Flores, Marcelino Santos Mendes, Osvaldo Oliveira Ladeia, Estevam Santos
Ferraz, Ernestina Gusmão Cunha, Flávio Mendes de Andrade, Florentino Mendes de
Andrade, Rivadávia Santos Ferraz e outros.
As eleições municipais de 1955, em Vitória da Conquista, foram
acirradas. Delas sairiam divididos os dois principais partidos – a UDN – União
Democrática Nacional e o PSD – Partido Social Democrático. Embora houvesse
perdido o pleito, a campanha de Nilton Gonçalves a Prefeito deixara claro que
as divergências entre os grupos locais tornaram-se mais agudas. Edvaldo Flores,
indicado por Gerson Sales, sagrou-se vitorioso, no pleito municipal de 1954.
Mas, seguindo a tradição conquistense, necessitava de um jornal que lhe desse sustentação
enquanto administrasse a comuna. Para isso, foi criado “O Conquistense”
(segundo jornal local com esse título, pois no recuado período da República
Velha outro periódico local circulou com igual nome).
O semanário dedicou-se, portanto, em sua primeira fase, à defesa das
realizações da administração municipal de Edvaldo Flores e dedicou matérias, em
algumas de suas edições, à divulgação de obras do Governo do Estado, à época
sob regência de Antonio Balbino de quem mencionado grupo político havia se
aproximado ainda durante o período em que foi Prefeito de Vitória da Conquista
o Sr. Gerson Gusmão Sales. Juracy Magalhães (à época Senador pela Bahia) também
era objeto de apoio de “O Conquistense”.
Jornal conservador, “O Conquistense”, em sua primeira fase, tratou de
diversos temas de interesse da região ou da cidade, mantendo, para isso, coluna
específica na qual abordou saúde pública, tráfego, trânsito, imprensa,
urbanismo, produção, necessidade de telefonia, transporte distrital, estradas,
abastecimento de água, aeroporto, asseio público, iluminação pública, etc,
demonstrando as carências municipais.
Jornal noticioso e político, “O Conquistense” sempre teve preocupação
com a cultura. Suas páginas traziam poesias, crônicas, críticas literárias. E,
considerando seu caráter conservador, é supreendente o fato de ter como seu
constante colaborador o Poeta Camilo de Jesus Lima, homem de esquerda. Muito da
sólida crítica literária de Camilo, suas “Notas de um Diário”, poesias, etc,
estão nas páginas de referido periódico conquistense. Mantinha o jornal uma
coluna dedicada a assuntos religiosos que tinha caráter ecumênico.
Era jornal que espelhava assuntos de interesse local e querelas entre
partidos políticos, especialmente em suas críticas aos adversários, os quais
tinham em “O Combate” seu guardião.
O “Conquistense”, em sua primeira fase, realmente cumpriu com seu
objetivo: a defesa da administração de Edvaldo Flores, que muitos não
suspeitavam que estivesse fadada a uma longa vida política – Deputado Federal por
diversos mandatos e Vice-Governador, tendo assumido a governança do Estado em
breve período.
Se a presença de Camilo nas páginas de “O Conquistense”, primeira fase,
surpreendia, surpresa maior tiveram os leitores quando, em 06 de junho de 1959,
puseram em suas mãos um jornal de oposição ao grupo político que o fundara. O
Jornal começara uma fase, diferente, sob direção dos combativos Franklin Ferraz
Neto e Alberto Farias.
Sobre a segunda fase de “O Conquistense será destinado o próximo artigo
da série “Jornais Conquistenses do Passado”
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