terça-feira, 22 de maio de 2012


JORNAIS CONQUISTENSES DO PASSADO
13th/fev/2009 . 11:35 pm 

.Ruy Medeiros
Com o título acima, a edição de “Agora” do dia 10.02.06, trouxe texto que escrevi sobre o jornal “A Conquista”. Continuo, na presente matéria, com propósito de registrar a existência de nossos velhos jornais, como “A Semana” e outros.
A Semana
Em 22 de junho de 1923, aparecia um novo jornal na Cidade de Conquista (como Vitória da Conquista era denominada). Era “A Semana”, que se autodefinia como “orgão político e noticioso”. Desde seus primeiros números, ficou evidente para o que vinha o novo periódico: viabilizar uma candidatura a prefeito da facção do Partido Republicano Democrata Conquistente e defender os interesses deste. Tratava-se de dizer que, diferentemente da eleição municipal anterior, próximo pleito seria disputado.
Antonio Agripino da Silva Borges (Agripino Borges), Coronel Justino Gusmão, Major Júlio Guimarães Lacerda, Deraldo Mendes e Deoclides Novais foram os fundadores de referido jornal. Eles integravam, juntamente com Cassiano Santos, Virgílio Mendes Ferraz, Henrique Brito, Clemente Brito, Raimundo Paranhos, Manoel de Andrade Santos, Elpídio Flores, Beliziário Mendes, Gabriel Lopes Ferraz e outros, o grupo político que se opunha a João Santos, Regis Pacheco, Zeferino Correia, Paulino Fonseca, Cassiano Fernandes dos Santos Silva, Ascendino Melo e outros, da facção “Concentração Republicana”, do Partido Republicano Conquistense.
A Semana, dirigido inicialmente por Deraldo Mendes Ferraz e, depois, por Deoclides Novais, defendeu a Candidatura de Justino Gusmão a Prefeito de Conquista para o biênio de 1924-1925 e, para isso, passou a desqualificar Regis Pacheco, político em ascensão. O argumento mais usado contra Regis era o de que este não teria serviços prestados a Conquista, minimizando até mesmo os trabalhos realizados por aquele médico no combate à epidemia de varíola ocorrida entre 1919 a 1920.
Em relação à política estadual, a Semana alinhava-se a José Joaquim Seabra e, quando ocorreu a cisão no Partido Republicano Democrata da Bahia, o semanário combateu Aurelino Leal, secionista que encabeçava a “Concentração Republicana”, contrário à candidatura Góes Calmon. Embora apoiasse Seabra ao qual qualificava de “benemérito estadista”, ficou com a candidatura de Góes Calmon ao Governo da Bahia, mesmo quando aquele, que a esse ajudara, resolvera retirar-lhe o apoio.
Justino Gusmão venceu as eleições municipais conquistenses de 11 de novembro de 1923 por 350 votos contra 303 votos de Regis Pacheco, Agripino Borges venceu eleições para deputado, com prestígio junto ao Governo, em 1924, e Góes Calmon foi eleito Governador. Plenamente vitorioso, o jornal “A Semana” assim mesmo não baixou a guarda e continuou acicatando seus adversários estrincheirados no jornal “A Notícia”, depois substituído por “O Sertão”, com os quais polemizou bastante.
“A Semana fazia reivindicações por Conquista especialmente por telégrafo, estrada e educação. Era conservador e, para o combate político, não deixava sequer de aproveitar “tragédia” contra os adversários, como o fez em relação à peste bubônica que ceifou vidas nos últimos três meses do ano de 1928 até o início de abril de 1929.
Durante o governo local de Otávio Santos, eleito em novembro de 1927 para substituir o Intendente Paulino Fernandes dos Santos Silva (gestor municipal de 1926 a 1927), a “Semana” tentou ser civilizada em relação ao novo Chefe do Executivo Municipal.
A semana contou com Adalberto da Silva Portelada, médico, como seu principal redator. Colaboraram com esse jornal os senhores Newton Álvares de Lima, Laudionor Brasil, Raimundo Paranhos e Bruno Bacelar de Oliveira.
O Professor e poeta Euclides Dantas alinhava-se entre os partidários de Regis Pacheco, mas a edição de 19 de agosto de 1928 traz jacoso poema de sua autoria, ainda atual:
O Flagelo.
“No dizer de pessoas entendidas/Essa peste origina-se do rato;/Guerra, pois, quer em casa, quer no mato,/Ao bichinho que roi às escondidas…//E logo por benéficas medidas,/sem matinada, sem espalhafato,/Sejamos cada qual um forte gato,/Salvando desse modo humanas vidas.//Mas, pergunto em segredo, meus senhores:/Matando-se esses mínimos roedores,/Extingue-se o flagelo? – Acho que não!..//Só se armassem grandíssima ratoeira/À porta da Fazenda Brasileira,/Para pegar os ratos da nação…”
“A Semana” sobreviveu até 1930. Em outubro desse ano, ocorreu a Revolução. O intendente Otávio José dos Santos Silva foi forçado a renunciar pelos partidários locais da Aliança Liberal, que organizaram a “Guarda Branca”, conseguiram com que Bruno Bacelar de Oliveira ocupasse por pouco tempo a prefeitura local e, depois, Deraldo Mendes Ferraz, que fora o diretor inicial de “A Semana”, tornou-se Prefeito Municipal, denominação nova para Intendente. Mas isso já é outra história.

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