JORNAIS
CONQUISTENSES DO PASSADO
13th/fev/2009 . 11:35 pm
.Ruy Medeiros
Com o título acima, a edição de “Agora” do dia 10.02.06, trouxe texto
que escrevi sobre o jornal “A Conquista”. Continuo, na presente matéria, com
propósito de registrar a existência de nossos velhos jornais, como “A Semana” e
outros.
A Semana
Em 22 de junho de 1923, aparecia um novo jornal na Cidade de Conquista
(como Vitória da Conquista era denominada). Era “A Semana”, que se autodefinia
como “orgão político e noticioso”. Desde seus primeiros números, ficou evidente
para o que vinha o novo periódico: viabilizar uma candidatura a prefeito da
facção do Partido Republicano Democrata Conquistente e defender os interesses
deste. Tratava-se de dizer que, diferentemente da eleição municipal anterior,
próximo pleito seria disputado.
Antonio Agripino da Silva Borges (Agripino Borges), Coronel Justino
Gusmão, Major Júlio Guimarães Lacerda, Deraldo Mendes e Deoclides Novais foram
os fundadores de referido jornal. Eles integravam, juntamente com Cassiano
Santos, Virgílio Mendes Ferraz, Henrique Brito, Clemente Brito, Raimundo
Paranhos, Manoel de Andrade Santos, Elpídio Flores, Beliziário Mendes, Gabriel
Lopes Ferraz e outros, o grupo político que se opunha a João Santos, Regis
Pacheco, Zeferino Correia, Paulino Fonseca, Cassiano Fernandes dos Santos
Silva, Ascendino Melo e outros, da facção “Concentração Republicana”, do
Partido Republicano Conquistense.
A Semana, dirigido inicialmente por Deraldo Mendes Ferraz e, depois, por
Deoclides Novais, defendeu a Candidatura de Justino Gusmão a Prefeito de
Conquista para o biênio de 1924-1925 e, para isso, passou a desqualificar Regis
Pacheco, político em ascensão. O argumento mais usado contra Regis era o de que
este não teria serviços prestados a Conquista, minimizando até mesmo os
trabalhos realizados por aquele médico no combate à epidemia de varíola
ocorrida entre 1919 a 1920.
Em relação à política estadual, a Semana alinhava-se a José Joaquim
Seabra e, quando ocorreu a cisão no Partido Republicano Democrata da Bahia, o
semanário combateu Aurelino Leal, secionista que encabeçava a “Concentração Republicana”,
contrário à candidatura Góes Calmon. Embora apoiasse Seabra ao qual qualificava
de “benemérito estadista”, ficou com a candidatura de Góes Calmon ao Governo da
Bahia, mesmo quando aquele, que a esse ajudara, resolvera retirar-lhe o apoio.
Justino Gusmão venceu as eleições municipais conquistenses de 11 de
novembro de 1923 por 350 votos contra 303 votos de Regis Pacheco, Agripino
Borges venceu eleições para deputado, com prestígio junto ao Governo, em 1924,
e Góes Calmon foi eleito Governador. Plenamente vitorioso, o jornal “A Semana”
assim mesmo não baixou a guarda e continuou acicatando seus adversários
estrincheirados no jornal “A Notícia”, depois substituído por “O Sertão”, com
os quais polemizou bastante.
“A Semana fazia reivindicações por Conquista especialmente por
telégrafo, estrada e educação. Era conservador e, para o combate político, não
deixava sequer de aproveitar “tragédia” contra os adversários, como o fez em
relação à peste bubônica que ceifou vidas nos últimos três meses do ano de 1928
até o início de abril de 1929.
Durante o governo local de Otávio Santos, eleito em novembro de 1927
para substituir o Intendente Paulino Fernandes dos Santos Silva (gestor
municipal de 1926 a 1927), a “Semana” tentou ser civilizada em relação ao novo
Chefe do Executivo Municipal.
A semana contou com Adalberto da Silva Portelada, médico, como seu
principal redator. Colaboraram com esse jornal os senhores Newton Álvares de
Lima, Laudionor Brasil, Raimundo Paranhos e Bruno Bacelar de Oliveira.
O Professor e poeta Euclides Dantas alinhava-se entre os partidários de
Regis Pacheco, mas a edição de 19 de agosto de 1928 traz jacoso poema de sua
autoria, ainda atual:
O Flagelo.
“No dizer de pessoas entendidas/Essa peste origina-se do rato;/Guerra,
pois, quer em casa, quer no mato,/Ao bichinho que roi às escondidas…//E logo
por benéficas medidas,/sem matinada, sem espalhafato,/Sejamos cada qual um
forte gato,/Salvando desse modo humanas vidas.//Mas, pergunto em segredo, meus
senhores:/Matando-se esses mínimos roedores,/Extingue-se o flagelo? – Acho que
não!..//Só se armassem grandíssima ratoeira/À porta da Fazenda Brasileira,/Para
pegar os ratos da nação…”
“A Semana” sobreviveu até 1930. Em outubro desse ano, ocorreu a
Revolução. O intendente Otávio José dos Santos Silva foi forçado a renunciar
pelos partidários locais da Aliança Liberal, que organizaram a “Guarda Branca”,
conseguiram com que Bruno Bacelar de Oliveira ocupasse por pouco tempo a
prefeitura local e, depois, Deraldo Mendes Ferraz, que fora o diretor inicial
de “A Semana”, tornou-se Prefeito Municipal, denominação nova para Intendente.
Mas isso já é outra história.
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