terça-feira, 22 de maio de 2012


JORNAIS CONQUISTENSES DO PASSADO
8th/fev/2009 . 9:46 pm 

Ruy Medeiros
Inicio uma pequena série sobre os jornais do passado de Vitória da Conquista, não todos, apenas alguns deles.
A Conquista
“Tribuna democrática e púlpito cristão – eis a Conquista”, apresentava-se, em seu primeiro número, o jornal semanal “A Conquista”. E terminou realmente por ser púlpito cristão, pois sua luta democrática esteve limitada pelo Estado Novo e, caído este, pelos ideais da UDN – União Democrática Nacional, partido com discurso liberal, porém que demonstrou, no decorrer de sua existência, de fato, a propensão de apelar pela intervenção militar na vida política brasileira. Mas pensamento cristão e promoções em benefício da Igreja Católica estiveram sempre presente em suas páginas.
O semanário “A Conquista”, sob direção do padre Luiz Soares Palmeira, começou a circular no dia 02 de julho de 1944. Era impresso em máquina tipográfica própria, presenteada por amigos, reunidos por Dr. Mário Batista, ao padre Palmeira. Em sua “apresentação”, em primeira edição, dizia o jornal: “Não nascemos nem para o elogio só, nem para a censura só. Longe de nós a odiosa condição de turíbulo ou esponja de fel e vinagre”.
“A conquista” firmou posição contra Hitler, em suas diversas edições. Em seu terceiro número, por exemplo, encontra-se um poema condoreiro anti-nazista, de autoria de Nilton Gonçalves – “Eles ensangüentaram o mundo”. A edição de 21 de janeiro de 1945 estampou, em tipos grandes de diversos formatos, notícia em forma de manchete: “Foi um dia a invencibilidade dos Exércitos da Werhmatch. Assistimos ao começo do fim do poderio militar Nazista. Caiu Varsóvia!
O Jornal apoiou a FEB e a “Campanha da Ajuda à FEB no Interior”, publicando seu manifesto e suas atividades, inclusive coleta de donativos. Adotava uma linha nacionalista.
Do ponto de vista da política local, de início, o seu indiferentismo era quebrado com comentários sobre a cidade, geralmente com a preocupação de melhorá-la em seus diversos aspectos. Quase findo o Estado Novo, passou a combater a idéia de que, para ser Prefeito de Vitória da Conquista, o candidato tinha que ser “Conquistense e diplomado”.
Regis Pacheco era poucas vezes mencionado, mas não era hostilizado por “A Conquista”. Somente a partir de abril de 1945, sem citação de seu nome, começaram combates contra sua pessoa. Aloísio Lacerda, sem mencionar-lhe o nome, acusa-o de ser surdo aos clamores populares por liberdade dos condenados políticos do Estado Novo.
“A Conquista, em fevereiro de 1945, declara-se partidária de eleições livres, com voto universal e secreto. Em março do mesmo ano, já transcrevia, em forma de manchete, opinião de Tristão de Ataíde, pensador católico, a favor da candidatura de Eduardo Gomes, e parte da famosa entrevista de José Américo de Almeida sobre a sucessão presidencial. Em março, prega a anistia ampla e publica o esboço do programa de União Democrática Brasileira (depois denominada União Democrática Nacional). No dia 18 do mesmo mês, estampa artigo com grande parte de palestra de Alceu de Amoroso Lima (mais conhecimento por Tristão de Ataíde) em defesa da democracia. Apóia a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes à Presidência da República.
Com dois anos, o jornal “A Conquista” deixou de circular. Mas seu diretor, padre Palmeira, continuou a participar da vida política. Foi um dos principais líderes locais da UDN. Com a reconstitucionalização de nosso País, findo o Estado Novo, tornou-se Vereador. Em 1958, foi eleito Deputado Estadual (nessa condição lutou pela e conseguiu a emancipação de Caatiba, Anagé, Cândido Sales e Belo Campo, que se tornaram municípios desmembrados de Vitória da Conquista). O padre foi Secretário de Educação e Cultura do Estado da Bahia, no Governo Lomanto Junior (foi afastado do cargo por não ser bem visto por militares, que pressionaram Lomanto Junior para demití-lo).
“A Conquista”, que teve como redatores Chefes Dr. Orlando Spínola (do número 1 ao 11) e Dr. Aderbal Tanajura Mendes (do número 38 em diante), não foi a única experiência jornalística do irrequieto padre Palmeira: nos anos de 1956 e 1957, foi redator-chefe do Jornal “O Combate”, também de Vitória da Conquista, quando esse esteve sob direção do advogado Nilton Gonçalves

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