quarta-feira, 30 de maio de 2012


   Não será Exagero?      


                       Ruy Medeiros. (Digitado 03/1999


Nome de aeroporto, nome de fundação, nome-memorial, nome de rua, nome de várias escolas, nome de distrito. Febre de homenagem.
Pareceu a alguns que o deputado morto merecia ter seu nome posto em substituição à homenagem,  antes feita, à data histórica símbolo da Bahia - o 2 de julho que batizava o Aeroporto Internacional. Então de  “2 de julho”,  o aeroporto passou a ter o nome do deputado. Não importa que desde a infância o baiano fosse educado para reverenciar as lutas pela independência do Brasil na Bahia, culminada pelo  “2 de julho”,  ou que a data, pela importância que sempre lhe fora dada, merecesse comemoração anual. Não. A luta sangrenta e simbólica passou a não merecer mais a homenagem: deputados entenderam que  “ um valor mais alto se alevanta”.
Depois a homenagem seguiu-se. Homenagem sim, pois as homenagens parecem-me uma única homenagem, em vários atos, no rito de seu desenrolar. Alguma coisa que pode parecer inconveniente é esquecida: Só méritos. Nada como lembrar o apoio ao regime militar, o apoio ao Governo Collor, ou às medidas contra trabalhadores e aposentados. Homenagem em vários atos, com motivações diferenciadas.
Não importa, para alguns, que o Estado da Bahia ou sua capital sejam pobres. O custoso memorial ao deputado deveria sair, mesmo que seu valor fosse o valor com que obras sociais pudessem ter sobrevida.
Já são muitas as homenagens. As últimas, que marcaram a proximidade do aniversário, forem nomes a  “colégios” e nome a um distrito.
Como é de conhecimento geral, a gauchada (nada contra os gaúchos) conseguiu da Câmara Municipal de Barreiras trocar o nome do distrito de  “Mimoso do Oeste” pelo nome do deputado morto. Dizem que imaginaram que será mais fácil emancipar aquele distrito (tornando-o município autônomo) com o atual nome. Vá lá!
Ora, ninguém na Bahia foi tão homenageado. Nem os homens símbolos (assim imaginados por muitas gerações) Ruy Barbosa e Castro Alves, na Bahia. Talvez Ruy Barbosa o tivesse sido, porém ao longo de tempo extenso, quando se entendeu que seu  “valor” estava consolidado. Não de vez.
A impressão que a coisa dá, é que a homenagem dirige-se ao pai. Haverá evidentemente correligionários sinceros, com identidade política e de propósitos, que julgam justa a homenagem que propuseram aqui e ali. Afinal, o deputado possuia amigos e admiradores. Mas, muito do que é feito tem tido o significado de homenagem ao pai, que dizem ser homem poderoso. Algo como cortejar o pai com o nome do filho. Algo como expressão da subserviência que tem marcado os políticos carreiristas baianos em relação ao pai do deputado.
É preciso cautela em certas coisas.
Em tese ( não me refiro ao caso ora concreto), às vezes a homenagem sai pelo contrário, por sua falta de sinceridade. Em matéria de homenagem, há aquelas espontâneas e há sempre aquelas pensadas com objetivos que vão além do homenageado. Alguma coisa como  “faturar” com a memória.
Não há dúvida de que há muito de exagero nesses ritos de homenagem que espoucam aqui, ali e acolá, já capazes de insinuar que a homenagem vai além do que é manifesto, além.
Esse quase monopólio do nome em bens públicos recentes do Estado da Bahia, já não será exagero? E mais, será merecido?           

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