A Tragédia do Tamanduá – Finalmente a História.
(Digitado, 069/2004)
Em 10 de outubro de 1895, no município de Belo
Campo, que pertencia ao domínio de Conquista (hoje Vitória da Conquista), na
Região Centro Sul do Estado da Bahia, sob comando de Calixtinho, cerca de 110
homens sitiaram a Fazenda Tamanduá e promoveram a chacina de número superior a
20 pessoas. Era a tragédia do Tamanduá, como ficou conhecido na região o
desenlace de uma luta de famílias, cuja forma encobre algo maior: a violência
política presente nos sertões.
O fato permaneceu na memória dos familiares das
vítimas, especialmente passa de pai a filho no âmbito das famílias Ferraz,
Fernandes de Oliveira e Lopes Moitinho. Em Pau de Espinho, fazenda vizinha,
estão restos mortais das vítimas.
Embora vivo na memória e considerado de grande
importância, o fato foi objeto de registro escrito de forma resumidíssima,
abstraído de seu contexto, fragmentariamente.
Isnara Pereira Ivo, historiadora, Professora da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, resolveu, em mestrado, pesquisar e
escrever sobre o tema. O resultado, com alterações que melhoraram a sua
dissertação, é este livro. Finalmente, a Tragédia do Tamanduá tem a sua
História escrita. A autora fez demorada e profunda pesquisa e, com isso, pode
apreender a contexto maior daquele fato. Mandonismo local, estrutura e
entrelaçamento familiar, poder público, vinculação entre ordens privada e
pública, violência, disputas internas, memórias, estão examinados e
contextualizados. Disso resulta o conhecimento – embora mais que isso – da
configuração do mando na Imperial Vila da Vitória, que seria depois município
da Conquista, e desde a década de 40 do século passado, Vitória da Conquista.
Assim, não é apenas a história da tragédia, mais de uma sociedade num lugar determinado,
em afirmativo panorama.
A jovem historiadora lega-nos estudo fundamental
para conhecimento da vida político-social de grande parte do Sertão, pois o
palco onde ocorreu quase que foi toda a mesoregião Centro Sul do Estado, imensa
área da Bahia.
Este é um livro essencial.
Ruy Medeiros
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