Um ano de
“Coluna”
Ruy
Medeiros. (Digitado 05/1999)
Da
mesma forma que o “ Jornal da
Semana”, esta coluna completa um ano.
Chego
ao primeiro ano completo de “coluna”
(não é trocadilho) sem saber avaliar bem como meus escritos chegam aos
leitores. Fico na situação do economista, que não sabe dar o balanço de sua
arte.
Não
possuo meios de saber da aceitação e das críticas dos poucos leitores.
Uma
ou outra pessoa verbalmente transmite sua impressão diretamente a mim. Com os
poucos dados de que disponho, posso alinhavar algumas linhas, e o faço.
Quando
a matéria é política, parece despertar maior interesse. Os artigos “O Cerco da Câmara”, “Coisas Geniais” e “ Político” mereceram maior referência. “Coisas Geniais” chegou a ser
xerocopiado (xerocado) por terceiros.
Não havia nada de “pessoal” no artigo. É
apenas uma visão irônica de determinados discursos políticos.
Mas
há artigos que me renderam gratidão: “Vinte
anos sem Edivanda”, e “Alberto Farias, um Registro”. É que familiares de Edivanda, sensibilizados,
agradeceram-me a lembrança emotiva e justa (um dos irmãos atribuiu ao artigo
importância para que o município desse o nome da educadora Edivanda Teixeira a
uma de suas escolas). Homenagem merecida. Muito merecida que Vitória da
Conquista fez àquela grande educadora. Um dos filhos de Alberto Farias, médico
como fora o pai, telefonou-me emocionado para agradecer-me o artigo sobre
aquele político oposicionista que foi o vereador mais votado da história
conquistense. Não cometi a proeza, portanto, de ofender familiares dos
homenageados com meus escritos simples.
Outro
artigo que me gratificou foi “Uma Praça”. Fui parado na Travessa Lima Guerra por
pessoas, junto à Casa Cipreste, que haviam lido o artigo e rememoraram o ringue
de patinação (saudosismo da velha Rua Grande). Um outro cidadão disse tê-lo
lido (é raro, por isso importante) e que gostou do texto. A espontaneidade
tocou-me.
A “Crise que engolfa o Mundo” foi comentada por
outro raro leitor. Este angustiado por não saber o que colocar em lugar do
capitalismo.
Um
estudante pediu cópia do artigo sobre Nelson W. Sodré. Já o Prefeito gostou
do “Correspondência Poética” ( É que ele mesmo é poeta e compositot e ama
Manuel Bandeira).
Um
colega disse que o texto sobre o golpe militar em Vitória da Conquista ( “Um
desesperado Maio”), foi o melhor dentre
aqueles que publiquei no Jornal da Semana. Um outro (também raro) leitor
considerou-o ( o artigo, não o leitor antecedente) “sério e irônico”.
Não
sei quantos lêem os artigos. Mas seguramente alguns fazem sua leitura. Aí
ocorrem cobranças: “Escreva sobre o nome
das ruas antigas” ( saudades do
Magassapo, do Joazeiro, da Muranga, do beco do Gemedor, do beco da
Tesoura), “fale sobre os doidos antigos”
( a alegria de provocar Vitório Cocão, Medonho, Chaguinha, Cafezinho...).
No
entanto, acho que dediquei muito espaço às eleições da UESB. O tema merecia um
artigo, mas dois...sei lá. No segundo desses, faltou um P.S., dizendo que
o “óleo de peroba” não era para Nonô.
Houve
resenhas de alguns livros, houve artigos de quase-história. Enfim, a coluna foi
utilizada de várias formas.
Decepcionou-me
não ter ouvido qualquer comentário ao artigo
“Por uma História do Sertão”.
Talvez ninguém queira saber de sertão, ou possivelmente o artigo não
tenha tido densidade suficiente. Mas é possível que qualquer raro leitor não
tenha tido oportunidade de falar comigo sobre o texto sertanejo referido. Isto
é vaga esperança. Entretanto, trata-se de escrito cuja temática é de
grande interesse.
Realmente,
o “retorno”, tal como chega a mim, é insuficiente para
avaliar.
O
jornal chega a um ano de vida graças à tenacidade de Flávio Scaldaferri. Esta é
a sua segunda experiência em Vitória da Conquista. Seu nome esteve ligado, na
década de 70, ao semanário “Fifó”, de saudosa memória. Em Itapetinga, Flávio
mantém o “Dimensão” há muitos anos. “Dimensão está para Itapetinga, assim
como “O Combate” esteve para Vitória da
Conquista: Jornal que espelha o município, de conteúdo necessariamente político
e influente.
O
Jornal da Semana já ocupa um espaço em Vitória da Conquista. Já é lido por bom
número de pessoas. Às vezes está com diagramação leve, às vezes pesada. As
entrevistas têm sido longas. Aos poucos, o jornal vem retratando Vitória da
Conquista. Falta-lhe uma guinada para a esquerda!
Aproveito
deste espaço para parabenizar a Flávio pela sua pertinácia e pela coragem de
investir em jornalismo em Vitória da Conquista. A Júlio Oliveira e aos demais
funcionários do “Jornal da Semana” peço
que relevem o atraso com que às vezes a a colaboração escrita por mim é
entregue.
Fica
aí esta pequena avaliação de um ano de textos escritos para o jornal. Acho que
valeu a pena ocupar durante esse tempo o espaço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário