segunda-feira, 20 de março de 2017

Da Série O Professor Hemetério e seu detestável Aluno – Nona Conversa -blogdopaulonunes.com

Da Série O Professor Hemetério e seu detestável Aluno – Nona Conversa



Ruy Medeiros
– Hemetério, Ó Hemetério, estou entrando, dá licença.
Era Isadora que entrava na casa do velho professor.
– Ora, ora, Isadora. Vou parafrasear os versos de Manuel Bandeira:
Imagino Isadora, entrando no céu:
– Licença, meu branco!
E são Pedro bonachão:
– Entra Isadora. Você não precisa pedir licença.
– Acontece Hemetério que eu não sou Irene de Manuel Bandeira. Vejo que você está transcrevendo versos de Afonso Romano de Santana, e não de Bandeira.
– De fato. É do Afonso:
Mentiram-me. Mentiram-me ontem e hoje mentem novamente. Mentem de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, Impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
Mentem. Mentem tão nacional/mente.
Que acham que mentindo história afora vão enganar a morte eterna/mente”.
Estou esboçando minha contribuição para o debate sobre a temerosa reforma da Previdência Social. Vou começar pelo fim. Algo assim: Não sei o que é mais criminoso nesse projeto de reforma: se a sua origem espúria no seio de um governo que já teve ministros afastados sob suspeita de prática de corrupção, tem outros cinco deles com denúncia apresentada pela mesma prática, ou se a imoralidade de um parlamento que já não representa nada (privatizado por grande empresas) votar matéria tão relevante. Trata-se, ao fim e ao cabo, quando à Previdência  Social,  de um patrimônio construído historicamente no país. Mas, sobretudo, é odioso saber que preparam o fim do sistema previdenciário, e que isso ocorra no momento de desemprego, quando famílias estão fragilizadas e não têm recursos para amparar seus entes que se encontram fora do mercado de trabalho. A propaganda sobre o assunto e farsesca. É o avanço do fascismo. É o estímulo descarado à previdência privada.
Chiquinho que veio à procura de Isadora, sua mãe, interveio:
– Não é exagero, professor? O senhor às vezes radicaliza.
– Que é isso, Chiquinho, se a tônica do discurso do Hemetério for essa, acho até que ele amacia. É, realmente, puro fascismo.
– Vamos embora, mãe, já tô indo.
 O detestável aluno terminou levando sua mãe, que saiu esbravejando contra tudo e todos e em cuja cabeça ressoava o verso de jovem poeta e cantor: “meus inimigos estão no poder”.

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